O Som de Paulo Moura

A MÚSICA DE PAULO MOURA É AMPLAMENTE CELEBRADA

Em ocasião ao marco de 10 anos de sua ausência, “O SOM DE PAULO MOURA POR MÚSICOS CATARINENSES” é produto inaugural ao fluxo criativo transmedia que culminará em 10 anos de inquieta investigação e realização a partir do universo narrativo do gênio da música brasileira.

Começa a produção de “O Som de Paulo Moura por Músicos Catarinenses”, um documentário com linguagem inspirada na experimentação do formato videoclipe, e produto inaugural da iniciativa transmedia “Paulo Moura – Uma Vida em Contrastes”, que apresenta o universo narrativo do músico, maestro, arranjador e compositor paulista, radicado no rio de janeiro.

A obra renova diante do público contemporâneo, sua genialidade técnica e a marca inovadora de sua liderança estética no meio musical instrumental e orquestral, tornando-o referência na cultura brasileira mundo afora. Através do registro de seus arranjos sobre composições autorais e de obras de compositores que marcaram sua trajetória durante 60 anos de carreira internacional, daremos a ver a redefinição que foi forjada por Paulo Moura sobre o que vem a ser raiz sofisticada na música popular brasileira.

“… quando estou fazendo uma coisa e sinto que aquilo não é vulgar ou ainda não foi feito por outros ou não é o caminho mais comum, eu fico meio estonteado, meio enfeitiçado…” Paulo Moura

Alessandro “Bebê” Kramer assina a direção musical, arranjos e acordeon, e reuniu músicos como Rubens Azevedo no sax tenor e flauta, Evandro Hasse no trombone e trompete, Gabriel Vieira no violino, Josias Pimentel na guitarra e violão, Willian Goe na bateria e Rafael Calegari no contrabaixo, que irão executar as músicas em frente ao equipamento de filmagem, fotografia e gravação de áudio. Bebê Kramer é um dos maiores Acordeonistas do mundo e foi um dos “batutas” de Paulo Moura, época em que foi possível explorar de perto sua musicalidade e executar o acordeon no contexto da gafieira. Outros músicos também serão convidados para fazer parte do projeto e farão participação especial junto ao músicos da formação.

“Sempre fui fã do Paulo Moura e o conheci Paulo Moura em um show em Florianópolis. Lembro que o Paulo disse ”Ah, você que é o Bebê? O Gabriel Grossi me falou muito de você”. Afirma Bebê Kramer, que pouco tempo depois foi morar no Rio de Janeiro onde acompanhou de perto os ensaios de um novo trabalho que Paulo Moura estava preparando. O contato entre os músicos acabou resultando em turnês internacionais – Bailes, eventos, shows, festivais e muitos quilômetros rodados. “O Paulo Moura se tornou um grande amigo, vivemos um período muito bom na casa que dividia com Gabriel Grossi e isso permitiu um mergulho na obra e forma musical de Paulo Moura, além de suas referências. Essa proximidade se tornou essencial para a direção musical de “O Som de Paulo Moura Por Músicos Catarinenses” que propõe revisitar a obra e suas influências permanentes em sua carreira. “Os músicos irão formar um grupo no clima da gafieira, que também introduz elementos inusitados como o violino, que tenho certeza que seria uma inovação aprovado por Paulo Moura, e também sugerida por Halina Grynberg.” Diz Bebê – “Um releitura do universo do Paulo Moura no contexto da Gafieira e um verdadeiro renascimento de uma época da música brasileira.”. A gafieira para este maestro era o lugar de encontro de tendências musicais múltiplas, um palco para a experimentação de sonoridades, ritmos e formas musicais em construção.

A partir de vasto material de arquivo composto por fotos, gravações, partituras e objetos, organizados e mantidos por Halina Grynberg, e do Instituto Paulo Moura, entraremos no íntimo do processo criativo de Paulo Moura, o que tornou possível a instalação de uma obra compromissada com suas verdades e fantasias, memória afetiva, negritude, amores, brasilidade, samba, música, sabedoria, instrumentos, choro, baile de gafiera, estilo, clássico, jazz, erudito, popular, chapéus, mandigas, crenças, inquietude… tudo em alto contraste.

“Paulo Moura durante os sessenta e cinco anos de vida profissional, foi clarinetista e saxofonista, arranjador, maestro, compositor popular e sinfônico viveu o espírito de sua época (1932-2010) sempre alguns passos a frente. Criou duos, trios, quartetos, heptetos, pequenas orquestras populares, bandas de jazz e reinventou o som da gafieira. Caminhando entre a rítmica africana e a vanguarda americana e europeia, desenhou novas formas sonoras, tornando nossa alma mais brasileira.” (de Instituto Paulo Moura)

“O Som de Paulo Moura por Músicos Catarinenses” têm patrocínio do Prêmio Catarinense de Cinema e será dirigida por André Gevaerd, fotografada por Santiago Asef e produzida Barbara Sturm, que além do documentário entregarão obras como videoclipes das músicas, álbuns fotográficos, arquivo musical, dossier artístico, palestra e a criação de um novo baile de gafieira, já nesta que é a primeira fase do projeto transmedia “Paulo Moura – Uma Vida em Contrastes”. A palavra também invade a obra com a criação poética de Antônio Carlos Floriano, que imprime linguagem e invenção visual e sonora em todo o percurso.

PAULO MOURA POR HALINA GRYNBERG:

“De algum lugar do futuro Paulo Moura acena para nós.

Enquanto aqui, emocionados, percorremos seus vestígios, alentos e escrituras pessoais. Atos suspensos de um silêncio que é apenas pausa. Porque um criador, feito a imagem semelhança da criação, ecoa para sempre e por toda a parte.

Paulo Moura respeitava a Música, maiúsculo dom a que se entregou todos os dias de uma vida profissional de sessenta e cinco anos. Queria o harpejar da brisa, o bole-bole das folhagens, cantos e contracantos da natureza e do cotidiano: as ondas do mar, o rugido da chaleira, a voz da gata, o som dos cães, o garfo arranhado contra o prato, a colher no líquido negro e intenso do café, um estalar de língua em céu da boca, o suspiro ao pousar a cabeça no travesseiro – tudo fazia som, tudo fazia parte da imensa composição que palpitava ao ritmo de seu coração em busca do sublime. No saxofone ou na clarineta, regendo ou ensaiando orquestras, inventando duos, trios, quartetos, heptetos , múltiplas configurações de sua arte, observando o bailado dos pares na gafieira, cumpria uma dívida de honra. Cabia-lhe retribuir à vida o apuro de seu ouvido universal, capaz de identificar intervalos de tons e semitons sem apoio de referências. Escutava, reconhecia, traduzia, criava. Compartia. Assim simplesmente como quem respira, brindou-nos com a magia de seu sopro. Peculiar, próprio, único.

Paulo Moura nasceu em São José do Rio Preto no interior de São Paulo, 15 julho 1932. Viveu no Rio de Janeiro a partir da década de 1945. Fez música e parte da arte musical mundo afora E faleceu em 12 de julho de 2010. Enquanto nós, aqui e de passagem, comovidos, deslizamos e entrevemos seu universo particular, o enlace consistente e generoso da sua vida com a sonoridade que deixou entre nós. Encarnado em memórias, partituras e sons, longe do palco, mas ainda assim temos um gênio da arte musical brasileira, que não fazia distinção de qualidade entre popular e erudito, entre partituras e rimas de percussão, artista exalando alma em composições e arranjos, traços e contrapontos de uma vida plena que se fez sorriso em olhos azuis. Sorriso de menino, eternamente maravilhado.” Declara Halina Grynberg

SAIBA MAIS SOBRE PAULO MOURA:

“Como todo grande criador, Paulo Moura é múltiplo e único. Múltiplo, porque a abrangência de sua curiosidade infindável o levou a remover as camadas do que é supérfluo em cada momento da experiência cultural para dedicar-se a escavar a essência daquilo que denominava música. Alma da matéria, espírito, dom. Generoso e humilde. Transbordante e recatado. Mestre e discípulo. Preciso e emocional. Delicado e poderoso. Intérprete exuberante. Um fluxo de contrastes e cores.

Sua produção iniciou-se nos anos de ouro das rádios num Brasil onde Rio de Janeiro era capital, início da década de 1950. E as influências eram os grandes maestros populares e arranjadores que dividiam entre si tendências do jazz americano de Stan Kenton, Benny Goodman, Horace Silver, e o lirismo da tradição de regência orquestral italiana: Gnattali, Panicalli, Gaya. Ou a raiz de samba nas harmonias vibrantes de Cipó, Carioca, Fonfon, Zacarias. Aprendeu muito cedo a ensaiar os naipes de uma orquestra até alcançar o apuro máximo dos timbres e das vozes. E isto você há de encontrar aqui. Os escritos, pensamentos, recortes, anotações, partituras, cifras, harmonias e melodias de um grande criador e arranjador popular. E que refundou os alicerces de grandes criadores populares como K-Ximbinho, Pixinguinha, Caymmi, Cartola, Ataulfo Alves para as gerações que os sucederam.

Quando pisava os palcos do mundo sua presença era luz. O centro do palco, um púlpito. Seu trabalho em cena, a consumação de um ritual. Cada detalhe previsto, tecnicamente apurado, roteiros e sequências de temas impecáveis que tinham o espaço para o som e a comunicação com o público. Não tocava para si, ofertava sua música para os outros, como quem comparte o pão. E os extratos que demonstram este cuidadoso preparo você há de reconhecer aqui.

Em Paulo Moura, o compositor também se desenhou entre contrastes. Na base das tradições afro-brasileiras, no desenvolvimento, a música erudita e suas formas: concertos, fantasias, clássicas, óperas e balés desde que esteve mergulhado e por quase vinte anos, quando ocupou a cadeira de primeiro clarinetista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. É a forma erudita o que seduziu os arroubos rítmicos de um homem mulato de olhos azuis. Os temas sinfônicos que redigiu, com solos para percussão popular, sax alto ou vozes infantis são refinados com os dos grandes compositores que cultuava. Beethoven, Boulez, Mozart, Stravinsky, Debussy, Villa-Lobos, Hindemith, Schoenberg, Webern.

As canções populares, dançantes ou melancólicas como se fossem para as gafieiras, desdobram-se em belíssimas harmonias, esparramando sons de blues, carimbó, choro, samba, maxixe, valsa, forró – e sempre retornando a Pixinguinha e Tom Jobim. As trilhas sonoras para filmes, os esboços para coreografias modernas, vídeos, documentos e fotos pessoais e de carreira. Tudo isto está à sua espera.” (de Instituto Paulo Moura)

O QUE SERÁ PRODUZIDO EM “O SOM DE PAULO MOURA POR MÚSICOS CATARINENSES”?

1 – DOCUMENTÁRIO
Filme de curta-metragem documental de 10 a 25 minutos, que apresenta o registro audiovisual da sessão de gravação ao vivo, seu processo de criação, entrevistas de convidados, vídeo-poesia homenagem e fotografias de arquivo.

2 – ÁLBUM MUSICAL
Gravação, edição, mixagem e masterização das músicas do curta-metragem.

3 – DOSSIER ARTÍSTICO
O dossier artístico será criado e produzido durante os ensaios e gravações e será composto por: Fotografias artísticas dos músicos, entrevistados e equipe. Poesia escrita por Antonio Carlos Floriano. Partituras de arranjos criados por Bebê Kramer. A este material será integrado fotos, partituras e escritos do arquivo Paulo Moura.

4 – BAILE DE GAFIEIRA
A extração de um repertório dançante de Paulo Moura, junto ao material produzido em “O Som de Paulo Moura Por Músicos Catarinenses”, permitirá a continuação de um verdadeiro Baile de Gafieira em releitura. Isso permite a realização de turnês em circuitos culturais.

5 – PALESTRA E BATE-PAPO
Por ocasião do lançamento dos produtos 1, 2, 3 e 4, serão realizados palestra e bate-papo em formato live onde os músicos refletirão sobre a experiência de mergulhar na obra de Paulo Moura, e como isso promoveu mudanças em sua compreensão da musicalidade popular brasileira.

Desdobramentos:
O cenário musical Catarinense se intensifica a cada ano que passa e segue seu caminho em busca de maior projeção e reconhecimento, e nada mais adequado que a disseminação em massa de seus músicos e arranjadores a partir de interpretação de uma lenda da miscigenação musical brasileira. Uma forma de jogar o holofote e contribuir para impulsionar suas carreiras a uma potência máxima.